Thiago Henrique – pesquisador, historiador e colunista
Em 31 de janeiro de 1995, conforme estabelecido em portaria, o então vice-prefeito, Sr. José dos Santos Moreno, assinou um termo que instituiu a formação de uma comissão de trabalho destinada à realização do levantamento e à preservação do acervo histórico e cultural de Mogi Mirim. Em 13 de maio de 1996, foi criado e oficialmente estabelecido o Centro de Documentação Histórica de Mogi Mirim, que teria como patrono o mogimiriano Joaquim Firmino de Araujo Cunha. Até este ponto, a maioria dos leitores já conhece essa história, assim como nossa trajetória enquanto pesquisadores. A primeira coluna, publicada no jornal A COMARCA (atualmente O IMPACTO), foi veiculada em 6 de maio de 2017 (ressaltando que anteriormente já eram publicadas colunas no antigo jornal O IMPACTO), pela pesquisadora Antonia do Carmo Marchese. Foram publicadas o total de 337 colunas, além, é claro, de outras cuja quantidade exata não consigo dimensionar. Este número (337) é altamente significativo, pois cada coluna histórica representa-me-á um extenso trabalho de pesquisa, entrevistas, levantamentos de dados, comparações de fatos e também o tempo de cada pesquisador, que se dedicou, ao longo desses anos, à pesquisa e à publicação para este jornal, permitindo que os mogimirianos conheçam,compreendam e interpretem sua história. Contudo, caros leitores, essas colunas históricas não se iniciaram com o CEDOCH; a história de publicar colunas voltadas para fatos históricos remonta-se-á a anos e mais anos. Em 4 de abril de 1913, Pedro de Mattos publicou uma com o seguinte título: “Injúrias Impressas”, entre inúmeras outras deste e de diversos pesquisadores, que tinham as portas abertas para publicar, expressar e dignificar nossa. Desde então, e muito provavelmente antes mesmo de 1913, colunas históricas já eram publicadas, abordando fatos políticos, sociais, econômicos, culturais e personalísticos.Quando o CEDOCH chega a este jornal (A COMARCA) em 2017, o faz para dar continuidade ao trabalho de tantos outros pesquisadores que já publicaram neste periódico, transmitindo aos munícipes o conhecimento profundo, essencial e necessário de nossa história.
Em decisão tomada pelo jornal O IMPACTO, da qual não me recordo com exatidão a data, foi determinado que passaria por algumas mudanças visando uma “nova realidade do mercado local”, bem como a “integração com outras plataformas”. Decidiu-se que, dentre essas mudanças, uma delas é que a coluna “MEMÓRIA”, do CEDOCH, passaria a constar apenas no formato on-line. Segundo o editor, “na edição impressa, será publicada somente uma chamada convidando o leitor para ler a coluna on-line, através da publicação de um QR CODE que direciona ao portal ocompacto.com”. Uma coisa é inegável: os meios de comunicação migrar-se-ão para as plataformas digitais. Isso é um fato não somente no âmbito municipal ou nacional, mas mundial, infelizmente! Contudo, o jornal levou em consideração os leitores que têm certas dificuldades com os meios digitais? Entender-se-á, segundo mensagem enviada do editor para à Senhora Carmen Bridi, Presidente do CEDOCH, que o citado jornal tornar-se-á um modelo híbrido, e isso não está errado, de forma alguma, senhor diretor do jornal. De fato, é inegável que o mundo digital é uma realidade sem volta. Novamente, levaram-se em consideração todas as pessoas, digo, leitores e leitoras? Foi uma decisão razoável? Talvez o meu papel nesta coluna de estreia neste e em nosso site, seja mais parecido com o de um ‘ombudsman’, e, de fato, deve ser isso mesmo. Manifestar-me-ei de forma saudável, porém com críticas, sugestões e reflexões, verdadeiramente um ‘ombudsman’.
Para aqueles que valorizam e acreditam em nosso trabalho, existem pessoas que leem, ou melhor, liam a nossa coluna, e a elas deixamos aqui o nosso agradecimento. Contudo, iniciamos, então, na plataforma que o senhor editor afirmou que seria destinada à publicação de nossas colunas, mas, no meio do caminho, desistimos. Uma hora estar-se-ia fora do ar, outra hora acontecia algum problema técnico. Talvez esse tenha sido apenas um detalhe para afastar nossas colunas do jornal impresso. O mais curioso, e até mesmo estranho, é que, recentemente, a coluna Pintaca, que já ilustrou belíssimos temas (e aproveito para deixar meus elogios à senhora Rosana Bronzatto), voltou a ser publicada no jornal impresso! Parabéns, senhor editor, era isso mesmo que o senhor queria: arrumar uma desculpa para nos tirar do seu jornal impresso. Parabéns a você! Que vergonha! Isso mostra que pessoas como você não desejam ilustrar a nossa história no seu jornal, no seu impresso. O que será que o incomoda, senhor editor? Você tentou relegar o histórico do CEDOCH e a história deste município ao ostracismo, e, de fato, quase conseguiu! Aqui estamos, continuaremos a publicar novos fatos, novas fotos, e a expor o que você não quis expor em seu jornal. Parabéns! Se não fosse por você, talvez não tivéssemos encontrado a coragem de seguir em frente e garantir o nosso espaço, de forma definitiva.
O CEDOCH desempenhar-se-á um papel de extrema importância para o município, e, neste ponto, fazer-se-á necessário registrar alguns feitos notáveis. Inicialmente, destacar-se-á a atuação na resolução da questão da Igreja do Carmo, por meio de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e o envolvimento do Poder Judiciário, além das conquistas relacionadas aos documentos arquivar-se-ão no CEDOCH, provenientes do Poder Judiciário, da Delegacia de Polícia, da Câmara dos Vereadores e da Prefeitura. Outra conquista significativa ser-se-á a criação da Biblioteca Pública, com o suporte financeiro de empresas e do poder público, viabilizando a aquisição de uma sala para alocar os documentos. Ademais, haver-se-á a reorganização do Museu João Theodoro, que permanecer-se-á fechado por mais de 10 anos. Diversos eventos, como palestras, conferências, reuniões e atividades organizadas pelo CEDOCH, bem como a participação em eventos promovidos por entes públicos, merecer-se-ão destaque. Importante também registrar-se-á que o departamento histórico assumir-se-á responsabilidades em vários processos de tombamento de prédios públicos. O CEDOCH deter-se-á um acervo documental de extrema importância, por meio do qual as histórias e a história do município expor-se-ão no jornal. Assim, ser-se-á imperativo destacar a singular relevância que o departamento histórico possuir-se-á, uma vez que muitas cidades não contar-se-ão sequer com uma equipe formada de pesquisadores, tampouco com um acervo. Nesse último aspecto, em comparação com inúmeros outros municípios, destacar-nos-emos e continuaremos a nos destacar.
Essa é uma forma de prestação de contas e de prestar-se-á o devido tributo àqueles que nos antecederam. Aqueles que deixar-se-ão registrados nos calhamaços deste jornal milhares de histórias. As bênçãos para que os de hoje poder-se-ão inspirar para outras pesquisas ou até mesmo desvendar-se-ão o que não conseguiram em seus tempos. Os seus exemplos continuar-se-ão, e é nesse caminho que estamos trilhando. As bênçãos para João Mendes Júnior, Francisco Cardona, Pedro de Mattos, Monsenhor Moysés Nora, Duílio de Próspero, Lauro Monteiro, Antenor Ribeiro, Jonas Camargo, Arthur Azevedo, Washington Prado, Odilon da Costa Manso, Orlando Bronzatto, Ibrantina Cardona e Sérgio Romanello Campos. Se ressuscitar-se-iam, o que será que comentariam acerca de tal decisão? Não podemos e nem temos o poder de ressuscitá-los, temos apenas a honra de que esses ilustres escrever-se-ão e muito. Parabéns em memória de todos! Bem-aventurados ser-se-ão todos.
Nossas palavras deixaram o relento das colunas semanais, mas não recorreram ao agasalho do silêncio. Vamos, já estamos e continuaremos a soprá-las em outros ouvidos e plataformas. Continuaremos, porque o futuro requer que a história não seja apagada, não seja contada de forma errônea e que não seja interpretada por ilações descabidas e sem registros fiéis e verdadeiros. Por isso, somos os guardiões da história. Temos a obrigação de contar a verdadeira história e preservar os documentos. No poema “Profundamente” de Manuel Bandeira, o poeta faz uma analogia entre os vivos e os mortos, no melhor encaixe para esta coluna, e segundo o poeta: “Estão todos dormindo / Estão todos deitados / Dormindo / Profundamente”. Nós não vamos dormir. Podemos ter perdido uma coluna no jornal impresso, mas essa não será “profundamente”, porque os de hoje continuam o trabalho dos de ontem. Profundamente, continuaremos a aprofundar e mostrar-lhe, caro leitor, a nossa história.
Por fim, Martin Luther King Jr., em algum momento, expressou que temos o dever moral de desrespeitar regras injustas. Não usamos, de forma alguma, essas palavras com o sentido de desrespeito; apenas expressamos nosso descontentamento com tal decisão. O senhor editor do jornal tem o total respeito de todos os membros do CEDOCH; sempre abriu as portas do diálogo, e assim esperamos poder continuar dialogando de forma respeitosa, como sempre tivemos, e o mesmo conosco. Dessarte, é ainda e novamente necessário afirmar que somos os guardiões da história, responsáveis por abrir as cortinas do passado, desvendar fatos que ainda não foram revelados, trazer à tona a verdadeira história, longe de invencionices e achismos ou até mesmo de fatos surreais. Em uma coluna de 2 de julho de 1967, o colunista Duílio de Próspero publicou uma coluna intitulada “Imprensa de Minha Terra”, na qual enumerou o nome de todos os jornais do município até aquele momento. Nós, que já publicamos desde 2017, seremos os primeiros na história da imprensa e do município a não ter mais uma coluna histórica semanal física, os primeiros da história!
Atualmente, nossa equipe de pesquisadores é composta por ilustres membros como: Antonia do Carmo Marchese, Angela Maria Soares de Lima, Carmen Lucia Bridi, Cleuza Mistro do Amaral, Daniela Masotti Moraes, Danilo Bossarino, Ivana Paula Moreti Mota, João Alfredo Arantes Vasconcelos, João Batista de Moraes Júnior, Luís Rodolpho Furigo, Maria Judite dos Santos Gonçalves, Maria Odete Camargo, Ricardo Piccolomini, Vanderlei Andrade, Valter Polletini, e Thiago Henrique Augusto. Hoje, amanhã e sempre!