Por Professora e Redatora Cleuza T. Mistro do Amaral
“O pão nosso de cada dia” é feito por alguém que não aparece. Alguém extremamente dedicado, que está lá na cozinha calculando: farinha, sal, açúcar, água, leite; está em pé na bancada ou na mesa, na frente do forno, em um vai e vem sem fim . Alguém que levantou de madrugada, preocupou-se com o tempo meteorológico para calcular a quantidade de fermento e a hora de começar, para que o PÃO fique pronto antes que os primeiros fregueses comecem a chegar na padaria.
Aqueles que tiverem sorte, pegarão o pão quentinho, saindo do forno.
Escolhi um padeiro com mais experiência e outro mais jovem a fim de homenagear este profissional tão querido pela população. Hoje falarei do mais experiente. Na próxima semana, do mais jovem.
Que todos os padeiros sintam- se representados!
OSVALDO MACHADO CIPRIANO
Nascido em 2/11/1950, em Águas de Lindoia, o seu Osvaldo Padeiro, está atuando em Mogi Mirim há 46 anos e atualmente encontra-se aposentado.
Tem 73 anos e trabalhou como padeiro durante 65 anos. Isso mesmo : 65 anos .Revela que exerce a profissão com muito amor. “ Quando a gente pega um ofício que a gente gosta, faz com amor”. Além de pães, faz também doces. Começou a trabalhar com 8 anos de idade, pois a situação financeira familiar o fez começar cedo.

Também fazia bicos como leiteiro, indo entregar leite nas casas, fato comum nas décadas de 1950 e 1960.
Seu Osvaldo conheceu a esposa Neusa Aparecida Leite Cipriano e como ela era daqui, namoraram e mudaram-se para Mogi Mirim, na década de 1.970. Estão casados até hoje.
Não teve apoio financeiro de ninguém e aprendeu a profissão com outro padeiro, só observando. Gosta da culinária em geral, mas infelizmente hoje em dia não pode mais trabalhar devido a problemas de saúde. Costuma inventar receitas e fala com orgulho de uma delas que vendeu para uma famosa marca de fermento: o Panetone de Café.
A empolgação com a profissão é tanta, que fala como se ainda fosse continuar a produzir os pães, roscas, doces e salgados e mantém o sonho de ainda voltar a trabalhar.
Seu Osvaldo tem muitas histórias para contar; entre elas a comparação de como o pão era feito há 50 anos e como é feito hoje, é inevitável : “antigamente a massa era de “cocho” ( água / fermento/farinha e sal que se misturava com um cabo de vassoura ) . Hoje o pão vem com uma química chamada REFORÇO. Ficou muito mais fácil de fazer o pão, pois a farinha já vem com tudo”.
“Antigamente tirava-se o pão do forno com a PÁ ( tipo de uma tábua estreita, onde se encaixavam vários pães de uma vez e puxava para fora do forno)”. Era preciso muita habilidade para não se queimar. Hoje os fornos são diferentes, com temperatura exata”.
Acredita que esta profissão sempre existirá, pois as pessoas nunca deixarão de consumir pão e que a profissão é reconhecida pela população, pois “ o pão não pode faltar na nossa alimentação”.
Há anos é proprietário da Padaria Cristal, que atualmente é gerenciada pela filha Daiane Andriê Cipriano . O filho Denis Osvaldo Cipriano também tem uma padaria na avenida 22 de outubro. Assim, os filhos vão seguindo os passos do pai.
Seu Osvaldo fala que os clientes reclamam quando o pão não está muito bom; ou seja: branco demais, assado demais…
Espera que os filhos continuem na profissão , mas que ela seja mais bem remunerada. Seu Osvaldo trabalhava em média 14 horas por dia.
Conta com orgulho que já foi até no programa de culinária do Edu Guedes, na TV Bandeirantes, fazer uma receita de pão.
Embora aposentado, diz que ainda está sempre criando receitas novas, tais como Alface Frita, mesmo com a dificuldade de locomoção em que se encontra.
Finaliza a entrevista dizendo: “posso fazer pão até com os olhos vendados, só usando as mãos ”. Este é o seu Osvaldo Machado Cipriano.
