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NOSSA REVERÊNCIA AO MUSEU DE ARTE DE MOGI MIRIM – PARTE I

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O dia era 24 de junho de 2020, blusas de frio e máscaras de proteção facial, afinal, o Brasil e o mundo ainda vivia sob o aspecto tenebroso da pandemia da COVID-19 que assombrou e ceifou a vida de milhares de brasileiros, bem como de milhões no mundo todo. Foi na tarde deste dia que sentados em uma mesa de jacarandá, sobre a iluminação de um lustre do século XIX, o gobelin na parede e demais móveis rústicos, foi assinada a compra do imóvel, que, em tão breve semanas, será o Museu de Arte de Mogi Mirim. Fazendo uma análise descritiva e interpretativa da imagem fotográfica que se encontra na página do Instagram do MAMM (Museu de Artes de Mogi Mirim), é bem provável que para os compradores, o senhor Valter Polettini e Sidney Cirilo, a sensação tenha sido uma mistura de emoção, gratidão e galardão. Essa é uma parte da história, esforçar-nos-emos para contar passo a passo como o sonho do Museu, se tornou realidade. O imóvel que está localizado na Rua: Doutor Ulhoa Cintra 399, centro de Mogi Mirim/SP, na época da venda pertencia à Sra. Eliana Ribeiro e algumas reticências (….) Espera, meus caros leitores, temos, por obrigação ética e profissional, contar toda a história, com começo, meio e fim. Contudo, vamos pausar o restante desta história, para contar-lhes um outra história, essa, eivada de similitudes como a qual nós contamos nesta coluna.

O Renascimento floresceu de vez em meados do século XVI, bem como o seu seguimento, chamado humanismo, entende-se como um movimento ou digamos um florescimento que adveio do império romano. Para os seguidores desta corrente, era necessário um resgate histórico e cultural, portanto, comungando com o humanismo, seria o mesmo que dizer da valorização do ser-humano em suas inúmeras dimensões. Importante se faz deixar, novamente, e até mesmo frisado, que neste período o importante era a valorização do homem através do seu potencial, esse, para criar, agir e modificar sobre a natureza e, dessa maneira, transformar o mundo. Esse movimento renascentista/humanista, fez com que toda essa valorização fosse transformada em uma política de financiamento a essas pessoas, daí o surgimento do mecenato. A origem do nome está associada ao político romano Caio Mecenas, que exerceu importantes cargos na hierarquia do império romano. Com toda habilidade de um bom político, o mesmo influenciou o imperador Augusto César, a empreender uma política de apoio às artes, representada por artistas, pintores e até mesmo escritores. Mecenas passou para a história como o “protetor das artes”. Aqui, no Brasil, contamos com alguns exemplos de mecenas como, por exemplo, Assis Chateaubriand e Francisco Matarazzo. O Brasil está repleto de mecenas, ainda são poucos os existentes, os que insistem em não fechar o livro da história, da cultura e das artes. Os que acreditam que a história não fala sobre desistentes, os que persistem e acreditam que cultura pode mudar não só uma vida e sim toda uma geração, a esses, toda a nossa reverência. Escusas ao caro leitor por descambar-se do assunto central do primeiro parágrafo, contudo, não poderíamos deixar de fazer alguma similitude entre os mecenas do passado e os nossos mecenas atuais e mogimirianos. Valter Polettini e Sidnei Cirilo, vocês estão prestes a deixar uma marca registrada em nossa história, quer dizer, vocês já deixaram. A primeira ideia de mecenato surgiu, conforme mencionado (sim, estamos sendo pleonásticos), nas pilastras do império romano e ainda hoje são lembrados os mecenas que de alguma forma modificaram a história artística e cultural daquele tempo, que se petrificaram no tempo da história e sempre serão lembrados pelo que fizeram. Os nossos mecenas (Valter e Sidnei), também ficaram nos anais da história deste município. Vocês mudaram o rumo da história cultural do município, bem como de inúmeros jovens, adolescentes e simpatizantes da cultura, Talvez neste final de parágrafo, para alguns possa soar como palavras exageradas e repletas de idolatria, saiba, caro leitor e leitora, que aqui não persiste nenhum exagero de nossa parte, o que persiste nestas palavras é um senso ético, profissional e de  reconhecimento em escrever sobre duas grandes pessoas e seu estupendo projeto para o nosso município.


Senhores leitores, devido ao espaço de meia página, encontramo-nos na obrigação de fazer uma segunda parte desta coluna. Entendemos que iniciamos contando mais ou menos como se deu a compra do imóvel e assim vamos seguir na próxima coluna, todos os fatos serão mencionados e com a devida honra de escrever sobre o museu. Encerramos esta coluna com um poema da senhora Ibrantina Cardona “Pouso de Bandeirantes”: “(…) Cidade que hoje és Mogi Mirim / – poesia original da natureza – / no lirismo cantante que projetas / na tua luz de esplendores, / enlevam-se os teus músicos e poetas, / artistas e pintores…”. Assim como nas palavras da poetisa, cabe a vocês a elevação e a luz que guiará a mais nova cultura deste município. Caber-nos-ia apenas exemplificar o digno projeto do futuro museu, contudo, nós (Carmen Bridi e Thiago Henrique) decidimos ir além, pois far-se-á deixar registrado cada ação histórica que cabe como referência ao projeto elaborado por vocês dois, enquanto historiadores, pesquisadores e amantes da história do nosso município, temos a obrigação de contar os fatos e deixá-los registrado para os de hoje e os de amanhã. 

Por Thiago Henrique

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